terça-feira, 31 de maio de 2011

Os filhos de Bill Gates

O jornalista já não é filho de Homero nem de Fernão Lopes, é, hoje, pura e simplesmente, filho do Bill Gates...?
De algum modo sim... Vendo bem, é doloroso pensar que estamos numa espécie de ruptura. Mas realmente os grandes jornalistas têm depois uma outra possibilidade de reestruturar a sua actividade na urgência, em função de um distanciamento que lhes permite depois reescrever naturalmente... Mas isso, em boa medida, faz parte da memória do jornalismo. Enquanto jornalistas, eles já são, como diz, sobretudo filhos de Bill Gates...

E isso condiciona, transfigura, a sua consciência cultural?
Decerto. Tomando aqui, claro, o cultural no sentido muito amplo, no sentido em que tudo o que nos diz respeito é cultural. Naturalmente a percepção do pensamento do outro, do sentimento do outro, do comportamento do outro, são culturais. Somos seres culturais, por definição.

Para além, evidentemente, do jornalismo estritamente cultural...
Evidentemente. Foi o jornalismo que inventou essa ideia do jornalista cultural, ou os media de tipo realmente cultural. Mas a verdade, por enquanto pelo menos, no jornalismo em geral, nos mass media, o cultural é a última roda do carro...

(entrevista a Eduardo Lourenço)

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