sábado, 21 de maio de 2011

Fahrenheit 451 - 1ª parte - A fornalha e a salamandra: Sonho, suicídio e despertar

"Queimar era um prazer", admite Montag, o bombeiro cujo trabalho - como o de todos os colegas de profissão neste tempo futuro - é incendiar livros. De resto, tudo é ignífugo - à prova de fogo - e as pessoas já nem se recordam de um tempo em que a função dos bombeiros fosse outra, a de apagar fogos, e não a de os atear. Montag é uma dessas pessoas, até que a sua vida monótona é abalada por uma jovem e bela vizinha que, numa época sem questões, faz todas as perguntas de que se lembra: "Nunca lê os livros que queima?"; "É verdade que dantes os bombeiros apagavam o fogo em vez de o acender?"; "É feliz?". O bombeiro - que todas as noites chega a casa para encontrar a sua mulher invariavelmente envolvida por paredes televisivas que substituíram as pessas de pele e osso e a família, com micro-rádios nos ouvidos que a impedem de escutar os seus próprios pensamentos - começa a, heresia das heresias, pôr em causa tudo o que até então tinha como certo. Será feliz? Pensava que sim. E a sua mulher, Mildred, também.

Mas depois encontra-a quase-morta, frasco de comprimidos ao lado da cama, micro-rádios nos ouvidos, uma desconhecida, afinal, que não recorda sequer como entrou na sua vida. Pede ajuda, aguarda médicos e recebe a visita de homens de limpeza, que aspiram a morte do estômago da mulher e partem, não reconhecendo o drama, nem a morte, nem a vida.

Montag, porém, parece estar a despertar...

sexta-feira, 20 de maio de 2011

"Cada um faz deste livro o que quer..."




Vamos perceber nas palavras de Jorge Araújo o que é o seu livro...a história que tomou conta da sua cabeça...cada vez que a sua princesa o beijava dizia Beija-Mim...

A Galáxia de Bill Gates

Os filhos de Bill Gates
O jornalista já não é filho de Homero nem de Fernão Lopes, é, hoje, pura e simplesmente, filho do Bill Gates...?

"Uma das questões centrais que este livro coloca é saber se o jornalismo - o da sociedade da informação, da globalização, da convergência dos mass media, das telecomunicações e da Internet - continua a ser implicitamente, também, um acto cultural."
Este livro colhe a opinião diversa de importantes figuras da vida política, jornalística e cultural portuguesa, tais como Agustina Bessa-Luís, Eduardo Lourenço, Fernando Rosas, Mário Mesquita e Mário Soares. Artur Portela coloca questões centrais sobre o que é hoje o jornalismo.

Artur Portela - Biografia

Artur Portela filho, nascido a 30 de setembro de 1937, uma referência do jornalimo português, vem de uma família de jornalistas e iniciou a sua actividade na redacção do Diário de Lisboa. Após o 25 de Abril, esteve na génese de diversos jornais, como o diário "Jornal Novo" e o semanário "Opção". Foi eleito por maioria qualificada da Assembleia da República para presidente do Conselho da Comunicação Social. Foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Com regularidade colaborou nos jornais "Diário de Notícias", "A Capital", "O Jornal" e o "Jornal do Fundão". Publicou diversos livros centrados nas suas intervenções jornalísticas fortemente críticas e satíricas, muitas delas censuradas, como a Feira das Vaidades, a Nova Feira das Vaidades e A Funda. Algumas destas obras foram apreendidas pela polícia política salazarista. Como romancista, escreveu, entre outros, O Código de Hamurabi e a peça teatral A Rotativa. No plano científico, assinou ensaios sobre relações culturais entre o salazarismo e outros regimes ditatoriais europeus.

O Cromo lança uma Caderneta :)

Indiscutivelmente Nuno Markl é, hoje, uma figura incontornável da comédia em Portugal.
Esta "Caderneta de Cromos" é um bom exemplo do valor deste grande humorista, assim como a sua capacidade nata de se rir de si próprio.
A "Caderneta de Cromos" obteve um enorme sucesso, não só pelo livro em si, mas pela recriação feita nas manhãs da Radio Comercial, onde Nuno Markl se juntou a Pedro Ribeiro, Vasco Palmeirim e Vanda Miranda.
Deixo-vos com um pequeno trecho da apresentação do livro, como prova do reconhecimento obtido .

Fahrenheit 451, metáfora para o salazarismo obscurantista?

É entrelinhas que um livro se torna único. É entrelinhas que o meu livro é diferente dos outros milhares impressos com o mesmo título e a mesma capa. Porque é entrelinhas que cada leitor retira, de cada vocábulo, frase ou parágrafo, algo de só seu. Porque o que lemos é sempre diferente do que está escrito: acrescentamos aos caracteres as nossas experiências, recordamos cheiros, sabores, histórias de outros livros.


A leitura dos portugueses, como povo, também difere das dos leitores de outros países, na exacta medida em que as suas experiências colectivas são distintas das nossas. Para além de que – excepção feita aos intelectuais poliglotas puristas (a designação não encerra nenhuma crítica, bem pelo contrário) que lêem os livros na versão e língua originais – a própria tradução das obras para as línguas nativas dos leitores de diferentes países contribui para uma diferenciação significativa da mensagem. Neste caso, é da mais elementar justiça referir que a tradução de «Fahrenheit 451» que escolhi foi realizada por Mário Henrique Leiria. Adiante.
“Fahrenheit 451” é um livro, pequeno em dimensão, que aborda uma questão maior na experiência portuguesa: a da censura e do domínio sobre o povo pela proibição da instrução e promoção do entretenimento fácil. Mesmo sem recuar aos tenebrosos tempos da Inquisição ou do Santo (?) Ofício (quando em 1539, o irmão mais novo do rei D. João III, cardeal D. Henrique, foi nomeado inquisidor-geral do Tribunal do Santo Ofício, os livros que não caíam nas suas boas graças, de “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, até “A Peregrinação”, de Fernão Mendes Pinto, podiam resultar em penas pesadas aos seus autores, editores e leitores), é possível encontrar, na nossa História recente, um paralelismo com o tema central de “Fahrenheit 451”. No período do chamado Estado Novo e do regime salazarista, um Portugal analfabeto era «alimentado» com a trilogia “Fado, futebol e Fátima”, que outros reduziram à expressão “pão e circo”.


Alexandre Herculano escreveu sobre o assunto:
"Onde quer que apareça a censura, onde quer que se aninhe esta irmã gémea da Inquisição, há uma quebra nos foros da independência do homem, há uma insolência do passado contra a dignidade social da geração presente. Seja para o que for, a censura é um impossível político."

Mais recentemente, Anele Reis, autora de um apontamento sobre a censura, publicado no mensário «Portugal Socialista», de Janeiro de 1983, também refere:
"A censura, numa prática constante e presente através da cultura portuguesa, como dado negativo que é, contribuiu para forjar nossa maneira de ser e de estar no mundo, modelou comportamentos, estabeleceu preconceitos que vêm preocupando historiadores da cultura..."

Um dos últimos relatórios da actividade da Comissão de Censura, referente a Janeiro de 1974, indica quase centena e meia de títulos retirados do mercado em apenas um mês. Segundo afirmou, em 1984, a Comissão do Livro Negro do Fascismo, foram proibidas durante o regime Salazar/Caetano cerca de 3300 obras.

Felizmente, como em “Fahrenheit 451”, em Portugal há, nas palavras imortalizadas por Zeca Afonso, “há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não”. No livro de Ray Bradbury, como no Portugal cinzento de Salazar, houve quem desafiasse as ordens e lesse, e falasse sobre o que leu, e pensasse. E o pensamento, que a literatura estimula como nenhuma outra arte (na minha modesta e assumidamente suspeita opinião), vence sempre a ignorância, por mais armada.

Vamos ler?




(Para mais informações sobre a censura em Portugal, ver http://www.vidaslusofonas.pt/livros_e_censura.htm)

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O "Livro" no Youtube!

 Num breve resumo da obra, este vídeo promocional do "Livro" dá-nos a conhecer a realidade vivida ao longo do livro.Com imagens da terra-natal do autor, conta com a selecção musical dos Moonspell. Numa palavra, Sublime!


 


Estorvo

A excelente capacidade narrativa e poética de Chico Buarque ultrapassa o campo da música. Os livros de Chico Buarque dão-nos momentos de prazer impressionantes. Vejam só este excerto.

“(…) Como não conheço ninguém, tenho liberdade para contornar as mesas e emendar fragmentos de discursos, discussões, gargalhadas. Outras pessoas reúnem-se de pé na extensão do gramado, formando uma sequência de círculos. Posso observar como se comporta um círculo, como se fecha, como se abre, como um círculo se incorpora a outros. Vejo circunferências que se dilatam exageradamente, até que se rompem feito bolhas e dão vida a novas rodas de conversa. Vejo rodas sonolentas, que permanecem rodas pela geometria, não pelo assunto. Tento acompanhar assuntos que saem de uma roda para animar a outra, e a outra, e a outra, como uma engrenagem. Há instantes em que a festa inteira parece combinar uma pausa, e ouve-se então um acorde da orquestra que toca músicas dançantes no interior da casa.” Chico Buarque – Estorvo

Nuno Markl - O verdadeiro cromo!


Nuno Francisco Correia da Silva Lobato Markl nasceu em Lisboa a 21 de Julho de 1971. É uma espécie de "homem dos 7 ofícios": Humorista, Argumentista, Escritor, Locutor, Apresentador, Cartunista e Actor.

Começou a ser conhecido, pelas suas crónicas de notícias bizarras, na rádio comercial com o programa "O Homem que mordeu o cão". Este programa gerou três livros, um programa de televisão e uma digressão nacional com um espectáculo ao vivo.
Posteriormente, já na Ant3na, fez uma rubrica, baseada nas suas experiências quotidianas, denominada "Há vida em Markl". Esta rubrica era complementada por um blog e com cartoons no suplemento satírico "O Inimigo Público" do Jornal "O Público".
Actualmente...
É argumentista e actor da série cómica da RTP "Os Contemporâneos".
Tem uma crónica apelidada de "Caderneta de Cromos" na Rádio Comercial.
Na minha humilde opinião, este cromo pertence à caderneta da Ant3na, de onde nunca devia ter fugido!

Um pouco sobre Jorge Araújo...

Jorge Araújo nasceu em 1959, na cidade do Mindelo, ilha de S. Vicente, Cabo Verde. Começou por ser jornalista de televisão, em Cabo Verde, e teve depois uma curta passagem pela carreira diplomática.
Em Portugal, conseguiu o seu objectivo principal, o de fazer reportagem. Trabalhou para o Independente, para o Já, para a TVI, para o Correio da Manhã, tendo também passado longos períodos em Londres, ao serviço da BBC. Actualmente, é editor do Actual, caderno do semanário Expresso. Com a Alêtheia, publicou em 2007 o romance O Dia em que a Noite se Perdeu, sendo igualmente autor dos textos Comandante Hussi ou Nem tudo começa com um beijo.

O que pensa o autor sobre a sua obra?


“É um livro sobre a importância dos pequenos nadas. Mas está longe de ser exclusivamente uma obra para o público juvenil. Aliás as críticas que tenho recebido vêm mais da parte dos adultos que já o leram. Cada pessoa pode fazer a leitura que bem entender. O livro fala não só desse primeiro beijo, mas também de pessoas que vivem e se cruzam em bairros, ou no elevador do prédio, e que não se conhecem. É um livro sobre essa solidão. É esse tipo de coisas que me interessa explorar”, diz o autor.

Pequenos nadas que, em minha opinião, se vão transformar em "muitos tudo"...

Beija-Mim


O jornalista e escritor Jorge Araújo andava às voltas com o último capítulo de um romance quando percebeu que havia uma frases e um nome que não lhe saíam da cabeça. Abandonou o projecto que tinha em mãos e partiu para um novo livro. Assim nasceu "Beija-Mim".
“Costumo dizer que este livro é como aqueles filhos não programados. Estava a escrever o último capítulo de um romance muito denso, mas nada me saía. Pensei que, o melhor, seria escrever qualquer outra coisa para ganhar embalagem e atacar essas últimas páginas que faltava escrever. Foi então que me surgiram umas frases: “Benjamim foi quem chegou primeiro. Como era muito franzino chegava até antes do seu pensamento”. Andei com isto na cabeça durante muito tempo até que decidi completar o raciocínio. E assim surgiu o primeiro parágrafo. Quando parti o nome - Benjamim - é que a ideia para a história nasceu. Antes não fazia a menor ideia do que iria escrever com aquelas frases iniciais”, conta o autor.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Cultura/Interior.aspx?content_id=1611124

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Uma visão diferente, de um livro que continua actual

A voz ao autor... ainda vivo e criativo.

Um americano no mundo



Ray Bradbury é um daqueles escritores cuja obra muda a maneira como as pessoas pensam. Com mais de quinhentas obras publicadas – entre contos, romances, peças teatrais, guiões e poesia – Ray Bradbury personifica o imaginário americano na sua forma mais criativa.

Ray Douglas Bradbury (Waukegan, 22 de Agosto de 1920) é um escritor de contos de ficção-científica norte-americano de ascendência sueca. Bradbury é mais conhecido pelas suas obras The Martian Chronicles (Crónicas Marcianas) (1950) e sobretudo Fahrenheit 451 (1953), que 13 anos mais tarde seria trasnposto para o cinema por François Truffaut.

A escrita de Bradbury é peculiar: depois de lidas, as suas palavras não são esquecidas. Em reconhecimento da sua actividade, e do impacto que teve em tantos ao longo de tantos anos, Bradbury recebeu o National Book Award em 2000.

Um pequeno filme para criar água na boca...

http://www.youtube.com/watch?v=hV40G5L0lJc


Boas Leituras!

Biografia Chico Buarque


Francisco Buarque de Hollanda nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de Junho de 1944, mais conhecido como Chico Buarque ou ainda Chico Buarque de Hollanda, é um músico, dramaturgo e escritor brasileiro. Filho do historiador Sérgio Buarque de Hollanda, iniciou sua carreira na década de 1960, destacando-se em 1966, quando venceu, com a canção A Banda, o festival de música popular brasileira. Socialista declarado, auto exilou-se na Itália em 1969, devido à crescente repressão da ditadura militar no Brasil, tornando-se, ao voltar, em 1970, um dos artistas mais activos na crítica política e na luta pela democratização do Brasil. Na carreira literária, foi ganhador de três prémios Jabuti: melhor romance em 1992 com Estorvo, além do Livro do Ano, tanto pelo livro Budapeste, lançado em 2004, como por Leite derramado, em 2010.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Chico Buaque

O homem, como ser social que é, precisa de comunicar. Uma das formas mais eficientes de faze-lo é através da arte, nas suas mais diversas formas de manifestação. As obras de arte são capazes de retratar, influenciar e perpetuar a cultura de um povo.
Chico Buarque de Hollanda, um dos maiores nomes da música brasileira, é um dos artistas mais representativos de sua geração: letrista genial, compositor talentoso, enveredou também pela literatura, com sucesso. O seu talento é inegável, bem como a marca que já deixou na cultura brasileira.
Do sensível poeta-menino da era dos festivais, ao escritor maduro de Estorvo, Benjamin, e Budapeste, do ligado poeta-cronista urbano de “Construção” ao seu heterônimo Julinho da Adelaide que conseguiu burlar a Censura da ditadura militar, este é Francisco Buarque de Hollanda, o tímido de olhos de ardósia que encantou e encanta gerações.

Está na altura de mudar a forma como vemos o livro...

José Saramago - Biografia





Filho e neto de camponeses sem terra, José Saramago nasceu na aldeia da azinhaga, provincia do Ribatejo, no dia 16 de Novembo de 1922. Teve diversas profissões:serralheiro mecânico, desenhador, funcionário da saúde e da providencia social, tradutor, editor e jornalista. Publicou o seu primeiro livro, um romance, em 1947. Trabalhou durante 12 anos numa editora, onde exerceu funções de direcção litarária e de produção. A partir de 1975 passou a viver do seu trabalho literário. Em 1998 foi-lhe atribuido o Prémio Nobel da Literatura.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

"Livro" de José Luís Peixoto

O "Livro" do autor, José Luis Peixoto é, definitivamente, de leitura obrigatória. A viagem que agora inicio comprová-lo-à!
Neste momento, importa analisar a perspectiva deste jovem autor, acerca da importância que o livro assume do ponto de vista do leitor. No mínimo curiosa.
"Acredito que a vida de um livro enquanto está nas mãos do autor não é mais importante do que quando está nas mãos do leitor".
"Tudo o que um leitor leia num livro é legítimo porque nessa fase o leitor é tudo, é ele que faz o livro".

"Livro" - Biografia do autor

José Luís Peixoto nasceu em 1974, em Galveias, Ponte de Sôr. Licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de Lisboa, foi professor em Praia, Cabo Verde. A sua Obra tem sido reconhecida, nacional e internacionalmente. 
Em  1997, 1998 e 2000 recebeu o Prémio Jovens Criadores. 
Em 2001, o seu romance «Nenhum Olhar» recebeu o Prémio Literário José Saramago, tendo surgido, no mesmo ano, a publicação do seu primeiro livro de poesia, «A Criança em Ruínas», que atingiu os 15 mil exemplares vendidos. 
Em 2005, escreveu as peças de teatro «Anathema» e «À Manhã». No ano seguinte, publicou o romance «Cemitério de Pianos», recebendo em Espanha, o Prémio Cálamo - Otra Mirada, atribuído ao melhor romance estrangeiro daquele Pais. 
Em 2008, a edição do romance «Nenhum Olhar» para os Estados Unidos, intitulado «The Implacable Order of Things»,  foi integrado na selecção semestral "Discover Great New Writers" das livrarias Barnes & Noble, sendo o único romance em língua estrangeira a fazer parte dessa lista.
Os seus romances estão publicados e traduzidos num total de 18 idiomas, distribuídos em mais de 40 países. Os seus livros têm tido referências críticas em publicações internacionais de referência como: The Independent, The Guardian, Time Out New York, El País, El Mundo, Le Monde, Folha de São Paulo.