terça-feira, 31 de maio de 2011

"La grande messe"

Pivots que, lá (França) como cá, são santos nos altares...
Sim, grandes oficinantes. A palavra é mesmo: C'est la messe, c'est la grande messe... Às oito horas, c'est la grande messe... E aqules que são realmente os da grande messe não só evidentemente têm um estatuto económico, mas também um estatuto de stars. Tornaram-se stars... São personagens que fazem parte da vida política, e que têm a consciência - de resto, excessiva, e falsa... - de que também são poder... É claro que não são. Só são poder enquanto a máquina quiser que isso seja realmente poder...

Usufruem de algum...
Têm algum, naturalmente. Têm o poder de convidar este, em vez de convidar aquele... Têm o poder de seleccionar. Só que a visibilidade dessa gente - que milhões de pessoas, a uma hora certa, é tão ofuscante que, quando a luz é retirada - quando eles se retiram do ecrã... -, é como se entrassem num buraco negro. Eles próprios devem sentir, evidentemente, que essa perda de imagem é uma perda de identidade. A sua identidade está concentrada realmente nessa imagem... Há quem depois vá para outras coisas. Mas há outros que desaparecem do ecrã, no sentido próprio do termo. Não como um bom actor que abondona o palco. Não como qualquer um de nós que deixa a sua profissão, a sua ocupação. Na televisão, nós assistimos e participamos realmente nisso... Quer dizer, nunca uma sociedade esteve tão envolvida nas suas próprias representações como a nossa. É a sociedade do espectáculo. Um espectáculo dado pelos actores da cena pública, ou da cena mediática, diante dos quais o espectador se comporta como um ser passivo...

(entrevista a Eduardo Lourenço)

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