sábado, 28 de maio de 2011

Uma pequena ideia do romance

O romance é um movimento quase contínuo, em que o ritmo das deslocações do protagonista aparece sempre acelerado pelo ritmo dos seus pensamentos, e são poucos os momentos em que a acção não é verdadeiro movimento físico. O espaço representado não ultrapassa os arredores da cidade, mas a rapidez com que ele é atravessado intensifica-o, ou melhor, densifica-o. Assim, as deslocações na cidade, ou entre a cidade e a casa do campo, que se verificam nos três dias e meio em que se cumpre a história, oscilam entre planos diferentes em que actua um peculiar recurso de narração ditado pelo olhar do protagonista que, ainda não foi dito, conta em primeira pessoa a sua história.

Beija-Mim

"Pureza é nome de princesa. A única de carne e osso que Benjamim conhecia. Nos seus 12 anos de existência, das outras só ouvira falar. Contavam-se que eram belas, donas de tesouros, castelos e príncipes bem-falantes.(...)Nunca na vida tinha visto uma, não sabia se eram altas ou baixas, gordas ou magras. Em rigor, até podia jurar que não existiam, quem o iria desmentir? Certamente, não seria Patraquim, o seu amigo do peito. Sabia da vida tanto quanto ele, não enxergava para além da fronteira do olhar.

Pureza era uma princesa de verdade. Nem nos sonhos mais doces vivia num mundo de fantasia."


Viva a primeira paixão...!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Fahrenheit 451 - Mundo virtual, consumismo e outros pecados contemporâneos




Quando acorda da sua tentativa de suicídio, Mildred não se recorda de nada. Esfomeada e “com a boca a saber a papéis de música”, recusa-se a acreditar no que o marido lhe conta e apressa-se a regressar ao seu mundo virtual e à família imaginária feita de personagens que deslizam nas paredes-ecrã, cada uma programada para conversar com ela. “Eu acho isto divertidíssimo”, comenta, perguntando ao marido quando pensa que poderão substituir a quarta parede por uma parede-ecrã, ansiosa por ficar, assim, finalmente, absolutamente rodeada, ilhada, por aquele universo irreal. “Custa apenas dois mil dólares”, acrescenta, perante a aparente incompreensão do marido face a esta sua necessidade urgente, sugerindo mesmo que prescindam de “algumas outras coisas”.
Montag tenta explicar à esposa que os “apenas dois mil dólares” representam um terço do seu soldo anual, e lembra-lhe que a terceira parede-ecrã ainda está a ser paga, comprada que foi há apenas dois meses. Mas a mulher já não o ouve, submersa que está nas actividades dos outros membros da sua família, os virtuais, muito mais interessantes.

Nota: Esta cena, no livro, quase passa despercebida. Mas, quando a li, fez-me reflectir na nossa sociedade de consumo: na ânsia – ou indiferença – com que substituímos os entes queridos por programas de televisão, e na leviandade com que preterimos o essencial para adquirir, muitas vezes, o superficial, optando por mudar de carro ou comprar uma nova televisão quando na despensa falta o leite ou os dons latentes nos filhos reclamam por aulas de artes…

terça-feira, 24 de maio de 2011

Olhar atento...

A leitura só é verdadeiramente uma experiência enriquecedora quando é partilhada... Continuem a partilhar.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Só visto...

Deixo-vos aqui um vídeo gravado durante uma das emissões da "Caderneta de Cromos" de Nuno Markl, na Rádio Comercial. A boa disposição reina nos estúdios da Comercial, no entanto só depois de vermos o vídeo percebemos o nível humorístico de Markl.

domingo, 22 de maio de 2011

Dino Meira interpreta "Viva Emigrante Viva"

Para complementar a temática da emigração, abordada no "Livro", encontrei este tema interpretado pelo cantor Dino Meira. Ao longo da canção são enumerados todos aqueles que, um dia partiram na ânsia de melhorar as suas condições de vida, sem nunca esquecerem as suas raízes.  A música popular portuguesa é mais um exemplo das diversas homenagens aos emigrantes portugueses. Merecidas!

Breve resumo do "Livro"

A obra de José Luís Peixoto,“Livro”, retrata a diáspora ocorrida nos anos 50 e 60, para França. A procura de melhores condições de vida, o visível atraso de Portugal em relação à Europa, a fuga ao serviço militar e ao regime Salazarista, estiveram na origem desta emigração
Camponeses crentes, impulsionados pelo sonho de uma vida melhor, sem opressão, sem fome, sem medo e com mais oportunidades, partem à descoberta de uma nova realidade. Contudo, a realidade precária encontrada nos bairros de Bidonville, revelar-se-ia diferente da idealizada, atendendo à  falta de condições mínimas para se viver. 
Temáticas como, a ruralidade, a emigração, socialização são descritas ao longo da narrativa, sem nunca esquecer o traço distintivo do Povo português: a sua Identidade cultural. Um romance fantástico que, segundo o autor pretende "heroicizar os portugueses, o povo português". A não perder!

E agora... um pouco da história...






O rei D. João III de Portugal resolve oferecer o elefante a seu primo, o arquiduque Maximiliano da Áustria, genro do imperador Carlos V, resolve dois problemas de uma assentada: encontrar um presente de excepção à altura do presenteado e dar um destino ao elefante...

Não percam os próximos episódios da viagem do Elefante Salomão...