sábado, 21 de maio de 2011

Fahrenheit 451 - 1ª parte - A fornalha e a salamandra: Sonho, suicídio e despertar

"Queimar era um prazer", admite Montag, o bombeiro cujo trabalho - como o de todos os colegas de profissão neste tempo futuro - é incendiar livros. De resto, tudo é ignífugo - à prova de fogo - e as pessoas já nem se recordam de um tempo em que a função dos bombeiros fosse outra, a de apagar fogos, e não a de os atear. Montag é uma dessas pessoas, até que a sua vida monótona é abalada por uma jovem e bela vizinha que, numa época sem questões, faz todas as perguntas de que se lembra: "Nunca lê os livros que queima?"; "É verdade que dantes os bombeiros apagavam o fogo em vez de o acender?"; "É feliz?". O bombeiro - que todas as noites chega a casa para encontrar a sua mulher invariavelmente envolvida por paredes televisivas que substituíram as pessas de pele e osso e a família, com micro-rádios nos ouvidos que a impedem de escutar os seus próprios pensamentos - começa a, heresia das heresias, pôr em causa tudo o que até então tinha como certo. Será feliz? Pensava que sim. E a sua mulher, Mildred, também.

Mas depois encontra-a quase-morta, frasco de comprimidos ao lado da cama, micro-rádios nos ouvidos, uma desconhecida, afinal, que não recorda sequer como entrou na sua vida. Pede ajuda, aguarda médicos e recebe a visita de homens de limpeza, que aspiram a morte do estômago da mulher e partem, não reconhecendo o drama, nem a morte, nem a vida.

Montag, porém, parece estar a despertar...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.